segunda-feira, 14 de março de 2011

Encontro

A amor resolveu me atingir, chegou em mim. Veio de forma completa, que nem eu posso entender. Às vezes, pasmo. Quis que ele esperasse, fosse embora e retornasse em um momento mais propício. Recuei-me e fiquei na espreita. Porém, não dava mais, ele insistiu, aguardou e se instalou. Alojou-se de tal forma que um instante faz falta. Fica um sentimento de vaga vazia, de tempo parado e distância inescrupulosa a atormentar um pobre ser.
Chama por mim o deslumbramento dos momentos passados juntos. O poder sentir o carinho por um toque, um beijo, um gesto... Aquele olhar que penetra quando tudo para, embora o mundo não pare – entretanto, eu sei que tudo recua e nos deixa passar. E, caso uma desvairada alma ou circunstância se recusar a deixar o amor tomar seu espaço, verá que o que fora criado para vinculação não pode se esvair.
Se demorar, ficarei; se custar, pagarei. Sei o que sinto, o vejo em minha mente nos segundos contados. Em mim permanece, cresce o anseio pela visita desse afago – o afago. Enquanto não posso tocá-lo, apenas sigo a cultivar esse gosto, cuidando-lhe. E fica aqui, continuo por ti.
Saiba que escolhi caminhar, contigo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Anelo

"O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?
Quando malfeitores me sobrevêm para me destruir, meus opressores e inimigos, eles é que tropeçam e caem.
Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança.
Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo.
Pois, no dia da adversidade, Ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndido do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha.
Agora, será exaltada a minha cabeça acima dos inimigos que me cercam. No seu tabernáculo, oferecerei sacrifício de júbilo; cantarei e salmodiarei ao Senhor.
Ouve, Senhor, a minha voz; eu clamo; compadece-te de mim e responde-me.
Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a Tua presença.
Não me escondas, Senhor, a tua face, não rejeites com ira o teu servo; Tu é o meu auxílio, não me recuses, nem me desampares.
Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá. [...]
Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes.
Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor."

Amém.

Salmos 28

sexta-feira, 9 de julho de 2010

E ponto.


Somos tão fortes, enganamo-nos imensamente. Exigimos tanto sem nada objetivar. Reclamamos exorbitantemente de nada. E, se num instante, o nosso nada resolver acabar? Nossas dedicações foram nulas, inválidas. Tanto tempo perdido, sim.
O que nos sustenta está ao nosso redor, mas desprezamos. Não nos conformar e desvaler nossos relacionamentos interpessoais, por vezes, é cômodo. Mas, quando o “e se” acontecer? Será que demonstramos, sequer num instante, a importância de alguém que, mesmo sem percebermos, era especial? Ou afagamos arrogância carinhosamente?
Perdemos tempo demais a lamentar, criticar, humilhar. Tudo isso é puro desperdício, vaidade. Quando nosso pedestal quebrar, restará um?
Não é preciso haver rima, nem as ditas palavras bonitas. Basta um olhar, palavras singelas, um abraço apertado, um sorriso, uma demonstração de afeto inda que desengonçada... o resto flui. Nada mais.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Comida


Necessidade, desejo, vontade.
Não interessa quem é o rei do pasto.
A gente não quer SER COMIDA;
A gente vai sair pra qualquer parte.
Então, você tem fome de quê?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Corda almejada


A ambição por variabilidade social cresce desproporcionalmente ao anseio por igualdade. Pode-se observar que as diferentes classes têm o mesmo ideal: assemelharem-se aos ditames mais bem aceitos – por tradição ou modismos.

Ainda que pareça contraditório, centenas de indivíduos se unem para serem diferenciados ao se camuflarem uns com os outros. Assemelham-se à formação de uma corda: vários fios de pessoas se entrelaçam para compor um trecho forte – distinto das frágeis linhas apartadas; eles se unem e protegem-se, formam a poderosa elite. A falha está em que esse cabo poderá ser escalado por alheios que, por fim, atingem o topo da fortificação e podem manipular aquela união a seu próprio gosto.

Sendo assim, as pessoas não examinam que ao perderem seu diferencial adentram, até falsamente, em ambientes que não são os seus e podem ser alegremente controlados. As características que iriam levá-las à evolução são substituídas por moldes sociais; isto ocorre pela conveniência ou pelo medo de serem os esdrúxulos capazes de chocar e mobilizar a estagnação cerebral dos iguais. O importante é que elas continuam na moda.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Aparência em julgamento


" Uma senhora, usando um vestido de algodão já desbotado, e seu marido, trajando um velho terno feito à mão, desceram do trem em Boston, EUA, e se dirigiram timidamente ao escritório do presidente da Universidade Harvard. Eles não haviam marcado entrevista.
A secretária, num relance, achou que aqueles caipiras do interior nada tinham a fazer em Harvard.
- Queremos falar com o presidente - disse o homem em voz baixa.
- Ele vai estar ocupado o dia todo - respondeu rispidamente a secretária.
- Nós vamos esperar.
A secretária os ignorou por horas a fio, esperando que o casal finalmente desistisse o fosse embora. Mas eles ficaram ali, e a secretária, um tanto frustrada, decidiu incomodar o presidente, embora detestasse fazer isso.
- Se o senhor falar com eles apenas por alguns minutos, talvez resolvam ir embora - disse ela. O presidente suspirou com irritação, mas concordou. Com o rosto fechado, ele foi até o casal.
- Tivemos um filho que estudou em Harvard durante um ano - disse a mulher. - Ele amava Harvard. Mas, um ano atrás, ele morreu num acidente e gostaríamos de erigir um monumento em honra a ele em algum lugar do campus.
- Minha senhora - disse rudemente o presidente -, não podemos erigir uma estátua para cada pessoa que estudou em Harvard e morreu. Se o fizéssemos, este lugar pareceria um cemitério.
- Oh, não! - respondeu rapidamente a senhora. - Não queremos erigir uma estátua. Gostaríamos de doar um edifício.
O presidente olhou par o vestido desbotado da mulher e para o velho terno do marido, e exclamou:
- Um edifício! Os senhores têm sequer uma pálida ideia de quanto custa um edifício? Temos mais de 7,5 milhões de dólares em prédios aqui em Harvard.
A senhora ficou em silêncio por um momento, e então disse ao marido:
- Se é só isso que custa para fundar uma universidade, por que não temos a nossa própria?
O marido concordou. O casal Leland Stanford levantou-se e saiu, deixando o presidente confuso. Viajando para Palo Alto, Califórnia, eles estabeleceram ali a Universidade Stanford, em homenagem a seu filho, ex-aluno de Harvard. "

Suponho que mediante essa história real ficou claro que não se deve julgar pela aparência.

Nota: Hoje, a Universidade Stanford está entre as cinco universidades mais prestigiosas dos EUA.